O último sábado, 11 de maio, amanheceu festivo na Arquidiocese de Mariana e, especialmente, em Alto Rio Doce (MG). Desde à chegada do município até o Parque de Exposição local, faixas e cartazes anunciavam a alegria de toda população para a celebração que aconteceu na data: a ordenação episcopal do então Monsenhor Edmar José da Silva, sacerdote do clero marianense e natural da cidade.
“A gente vê que ele cresceu aqui, um menino humilde. É muito importante, para gente, está homenageando-o hoje”, expressou a professora Vaniuza Cristina dos Santos sobre a cerimônia. Um sentimento que também foi partilhado por de toda população alto-rio-docense.
Diante de cerca de 3.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, o então Monsenhor Edmar recebeu o terceiro grau do sacramento da Ordem para servir, com alegria, como Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG). Familiares, amigos, padres, diáconos, seminaristas, religiosas (os) e leigos (as) de toda Arquidiocese de Mariana e de outras Igrejas Particulares brasileiras, além de autoridades civis e políticas participaram da cerimônia.
Presença marcante também foram das caravanas das paróquias pelas quais Dom Edmar passou durante o seu ministério sacerdotal que, além de reunir grande número de fiéis, levaram faixas e cartazes em homenagem ao novo bispo brasileiro.
Iniciada às 10h, após a entrada pontifícia e oração diante ao Santíssimo Sacramento, a celebração foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, e teve como bispos consagrantes o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, e o Bispo Emérito de Oliveira (MG), Dom Francisco Barroso Filho. No total, 17 prelados brasileiros estiveram presentes, incluindo, sete filhos de Mariana e três Bispos Auxiliares de BH.
Após a aclamação do Evangelho, iniciou-se o rito de ordenação, quando Monsenhor Edmar foi conduzido à presença de Dom Walmor pelos presbíteros assistentes, Padres José Geraldo Coura e Marcos Macário Mendes. Na oportunidade, leu-se o decreto do Núncio Apostólico, Dom Giambattista Diquattro, autorizando a ordenação.
O testemunho dos sucessores dos apóstolos
Continuando a cerimônia, Dom Walmor proferiu a homilia, onde destacou que, uma ordenação episcopal ultrapassa o rito e relações de amizade e afinidades.
“Ao evocar o Espírito soberano sobre Monsenhor Edmar, consagrando-o como bispo, nós estamos evocando o mesmo Espírito Santo que o Pai dá ao Filho na sua força amorosa. Jesus, o filho amado de Deus Pai, dá esse mesmo espírito aos apóstolos, colocando-os ao seu serviço na proclamação do Evangelho. Por isso, estamos aqui num momento que ultrapassa um simples rito, uma amizade e afinidades entre nós. Nós somos a Igreja evocando o Espírito Santo soberano que vai transformar a vida de Monsenhor Edmar num serviço bonito ao amado povo de Deus como sucessor dos apóstolos”, enfatizou.
Durante a reflexão, o Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte pontuou que os presbíteros e, particularmente, os sucessores dos apóstolos, são chamados a servir com o cuidado e zelo do Bom Pastor, livre de preconceitos, especialmente, junto daqueles que mais precisam. “É preciso servir sem coação, mas de coração generoso”, afirmou Dom Walmor, ponderando que o episcopado não é uma honraria, mas serviço e que, para bem exercê-lo, necessita de uma escuta radical do Evangelho.
“Portanto, Monsenhor Edmar, o seu sim significa dizer, aceitar e testemunhar o sofrimento de Cristo, assumindo o sofrimento de tanta gente numa humanidade sofrida e machucada como a nossa. Apesar de tantos desenvolvimentos e tantos avanços tecnológicos e tecno-científicos, nós somos uma humanidade sofrida. Não damos conta de viver a fraternidade universal”, disse Dom Walmor.
Por fim, o Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte desejou ao novo bispo fecundidade em seu ministério episcopal, recordando o lema escolhido por Dom Edmar: “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 99,2). “Servir com alegria não é apenas uma sensação interna que nós somos chamados a cultivar em nós. Servir com alegria significa ter coragem de gastar sua vida a serviço do amado povo de Deus, sobretudo, dos marginalizados e dos pobres sofredores”, ponderou.
Amizade e fraternidade no clero marianense
Concluída a homilia, deu-se continuidade ao rito de ordenação, que dentre outros gestos, é marcado pela prece litânica (ladainha) e pela imposição das mãos, feita pelo ordenante principal e pelos demais bispos presentes.
“O que veio em meu coração é uma expressão usada pelo Papa João Paulo II, que é Santo hoje. Ele disse que, no dia da ordenação, quando ele se prostrou no chão, ele sentiu como uma ponte deveria trazer Deus até o povo e levar o povo até Deus. É um pouco eu senti também: aumenta a responsabilidade e, agora, eu devo me tornar ainda mais um canal qualificado para trazer Deus até o povo e levar o povo até o coração de Deus”, descreveu Dom Edmar sobre os seus sentimentos durante o rito.
Tendo sido ordenado bispo há um mês, Dom Danival Milagres Coelho narrou sua alegria em, como um dos primeiros atos no episcopado, impor as mãos sob a cabeça do amigo no dia de sua ordenação, especialmente, pois serviu nas ordenações diaconal e presbiteral de Dom Edmar.
“A nomeação dele, para mim, foi um presente de ordenação que eu ganhei porque a gente é muito amigo, irmão. Convivemos juntos no Seminário desde o período da Filosofia, na Teologia, trabalhamos quase sempre nas mesmas equipes, depois fomos companheiros também na formação [dos seminaristas]. […] Então, nós temos uma ligação muito forte de trabalho, de caminhada juntos”, contou o Bispo Auxiliar de Goiânia (GO).
Além de Dom Danival e Dom Edmar, em janeiro deste ano, Dom Geraldo de Souza Rodrigues também foi ordenado bispo, sendo três ordenações episcopais em menos de seis meses. Para o Arcebispo Metropolitano de Mariana, isso é muito louvável. “Nós agradecemos muito a Deus porque Ele olha para nós, para nossa Arquidiocese, de modo muito próximo”, disse.
“É uma gratidão enorme a Deus e ao povo da Arquidiocese de Mariana que reza intensamente pelos seus padres, pelos seminaristas, pelas suas famílias para que delas surjam numerosas e santas vocações para o reino de Deus”, reforçou Dom Airton em entrevista.
De mãe para filha
Igreja Primacial de Minas Gerais, a Arquidiocese de Mariana é mãe da Arquidiocese de Belo Horizonte e, agora, imbuída de amor maternal, mais uma vez, ofereceu um dos seus sacerdotes para o serviço na Igreja Particular da capital mineira.
“Uma mãe deve sempre ajudar a filha”, afirmou Dom Walmor sobre esses laços históricos. “É uma ajuda bonita, sobretudo, porque se trata de um clero muito bem formado, com tradições bonitas como a de Dom Luciano Mendes de Almeida, Dom Geraldo Lyrio Rocha e outros tantos. Portanto, pode contribuir muito decisivamente para a missão da Igreja”, acrescentou. Dom Edmar será acolhido em BH no dia 5 de junho, às 19h30, no Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia. Ele assumirá a Região Episcopal Nossa Senhora da Boa Viagem, a mesma que Dom Geovane Luís da Silva, também filho de Mariana, atuou.
Para Leci Nascimento, que atuou com Dom Edmar como Contato Arquidiocesano para o Sínodo, a Arquidiocese de Belo Horizonte recebe um grande bispo. “Uma pessoa humilde, uma pessoa sábia, uma pessoa generosa, uma pessoa que sabe escutar, que é hoje a proposta da Igreja e, mais ainda, uma pessoa que tem um olhar diferenciado para os pobres”, descreveu.
Já no domingo, 12 de maio, Dom Edmar celebrou suas primeiras missas solenes na Igreja Matriz de São José, em Alto Rio Doce, e no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto (MG).
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Texto: Thalia Gonçalves/Arquidiocese de Mariana
Fotos: Caio Amora e Thalia Gonçalves/Arquidiocese de Mariana